Por Marise Romano Fotos: Marise Romano
A Sereníssima República de Veneza começou a perder poder com o surgimento de novas rotas na navegação e foi conquistada por Napoleão em 1797
O surgimento de Veneza data de 452, quando habitantes do nordeste italiano se refugiaram para escapar das invasões bárbaras que colocaram fim ao Império Romano. A Europa no século 5 se refugiou nesta região por ser uma grande lagoa de água doce e área segura. Sua localização difícil entre pântanos fez com que os moradores aprendessem a viver de forma isolada e independente e, assim, afastaram momentaneamente possíveis conquistadores. Logo, as ilhas estavam completamente tomadas e houve a necessidade de avançar sobre as águas.
Esta desafiadora cidade se estende sobre um conjunto de 119 ilhas que emergem da lagoa que existe entre a terra firme e o mar aberto. O local era habitado por pescadores e extratores de sal que viviam sobre a água da lagoa, em palafitas.
O jeito de resolver o problema de como unir os pedaços de terra foi aterrando as distâncias. Assim, os espaços para a construção cresciam e os canais de água foram ficando mais estreitos. Os aterros tornaram-se cada vez mais comuns e a procura por terras secas já não tinha como acontecer. A engenharia explica o que parece loucura ou magia. A Praça São Marcos e muitos outros locais de grande visitação são sustentados até hoje por pilares de madeira milenares. A madeira não apodrece porque não está em contato com a atmosfera e, por isso, não encontra o oxigênio necessário para a sua decomposição. Os pilares escolhidos na época tinham cerca de quatro metros e foram colocados com tábuas e blocos de pedra em cima. A pedra barra a passagem da água, o que permite colocar terra em cima. Após vários acontecimentos que favoreceram o comércio de Veneza, a cidade explodiu seu poder com o comércio de sedas e especiarias de Constantinopla e da Alexandria. Em 1204 começou o apogeu de Veneza, quando o império grego foi dividido entre os cruzados (era o início da quarta cruzada) e os venezianos, que ficaram com diversos bairros comerciais da Síria, Palestina, Creta e Chipre. Aí surge Marco Polo, símbolo do espírito veneziano, logo depois o Ducado, uma moeda de ouro que permaneceu por três séculos no comércio mundial.
As primeiras pontes de pedra surgiram em 1170. No ano de 1500 já havia 166 pontes. A posição estratégica no Mar Adriático garantiu que os navios tornassem Veneza uma cidade rica e poderosa, bem antes da descoberta da América.
No palácio, existiam as “bocas de leão”, uma espécie de caixa de correio onde as pessoas depositavam suas observações sobre a governo. Tudo de forma anônima, bem ao contrário dos dias atuais, em que a internet deu voz a todos e a privacidade anda em baixa.
A Sereníssima República de Veneza começou a perder poder com o surgimento de novas rotas na navegação e foi conquistada por Napoleão em 1797. Na realidade, a Revolução Francesa havia deixado Veneza sem poder de ação. Napoleão Bonaparte tentou se aliar e Veneza se negou. Ele se enfureceu, saqueou o Bucintoro (barco do Dux) e se apoderou de todos os os ouros e objetos de valor. Assim, passou o controle de Veneza para os austríacos, o que perdurou até 1866, quando a paz se restabeleceu entre a Itália e a Áustria, que trocou Veneza por uma indenização. No Tratado de Veneza, a Áustria cedia Veneza à França e essa à Austrália. Depois de um plebiscito, Veneza decidiu fazer parte definitivamente da Itália. Napoleão extinguiu o famoso Carnaval de Veneza quando nobres e plebeus se divertiam mascarados, como iguais. Este Carnaval de máscaras só voltou a acontecer em 1980. Vale a escolher Veneza como roteiro turístico, pelo visual diferenciado e mais ainda pela sua história.
Roteiro
No primeiro dia de visita a Veneza, dá um certo estranhamento no turista diante da falta de carros, motos e bicicletas. Tudo acontece por barcos. O táxi que leva o viajante do aeroporto ao hotel é um barco. A polícia que cuida da região faz ronda de barco. O posto de saúde fica em um barco...
Lembre-se de que existem 177 canais e 409 pontes para as famosas juras de amor... As principais pontes são a Rialto e a Dell´Academia, que cortam o maior dos canais, chamado de Grand Canal, que corta a cidade inteira.
O ideal é ficar pelo menos 3 dias na cidade considerada o símbolo dos relacionamentos românticos. Muitos pedidos de casamento já foram feitos com um gondoleiro como testemunha.
A cidade oferece lindas surpresas e monumentos bem bacanas para visitação. O roteiro dos passeios pode ser feito pelo vaporetto, meio de transporte público muito utilizado na cidade. Tem este nome porque antigamente o motor era a vapor. Mesmo atualmente, sendo movido a óleo diesel, manteve o seu legendário nome. É um ônibus aquático que transporta turistas a vários locais através dos canais de Veneza. Você pode usar este transporte aquático também para visitar as ilhas próximas de Veneza. Burano (ilha dos bordados), Murano (dos famosos cristais) e Torcello (onde fica a Basílica de Santa Maria Assunta, com mosaicos veneziano-bizantinos de cair o queixo). Neste caso, vale a pena comprar o passe diário e incluir também o passeio à San Giorgio Maggiore.
Existem pequenos vilarejos próximos à Veneza, com bons e acessíveis hotéis. Você pode optar por pagar menos por estas acomodações. Jamais perca o café da manhã, com seus pães e frios maravilhosos, diferentes do que estamos acostumados no Brasil.
A grande dica é: se perca em Veneza!!! Uma cidade charmosa, elegante, com excelentes (e caros) restaurantes e vinhos imperdíveis! A gastronomia italiana típica pode ser apreciada por toda parte. Isso sem falar nos cenários para fotos, repleto de gôndolas, com muitos enfeites dourados, refletindo o pôr-do-sol e uma magia sem igual. Raramente um turista quer conhecer Veneza desacompanhado, por isso o clima de romance permeia os ares desta cidade que também exige calma e sabedoria. Não se esqueça de fazer o seguro viagem ao comprar seus bilhetes, pois ele é obrigatório na Europa.
Explore Veneza de forma intuitiva e sem agitação
Se você tiver interesse em fazer o passeio de gôndola, aproveite o cair da noite ou o começo da manhã, quando as ruas ainda estão tranquilas e a atmosfera de Veneza fica ainda mais romântica, com o sol a seu favor. Este passeio custa cerca de 80 Euros para o casal e tem duração de 30 minutos - para evitar filas, compre com antecedência na Praça de São Marcos, ponto turístico mais icônico de Veneza, onde fica a Basílica que guarda os restos mortais do apóstolo de Jesus. Detalhe: o venerado túmulo de São Marcos poderia ser o corpo de Alexandre Magno, pois estas relíquias foram roubadas em Alexandria por dois mercadores venezianos e levadas para Veneza, em 828 d.C.
Tome um café na Praça São Marcos, observando a famosa Torre do Relógio e o Campanário, sempre repleto de turistas registrando lindas imagens. Outros passeios bacanas são o Palácio Ducal, os Jardins Reais de Veneza, a Ponte Dos Suspiros, a Riva degli Schiavoni, a Ponte del Diavolo, a Libreria Acqua Alta (uma das bibliotecas mais lindas do mundo e um lugar ótimo para fotos), a Ponte da Academia, a Basílica de Santa Maria Della Salute, a Punta Della Dogana e a San Giorgio Maggiore. Tudo pertinho!
Não deixe de apreciar as ruelas e pontes no caminho. Coma salgadinhos nas pequenas padarias em estilo lanchonete e se delicie com o sabor de tudo.
Na região de Dorsodouro, observe tudo com carinho, pois é uma região extremamente charmosa e tem uma atmosfera artística incrível. Use o vaporetto ou caminhe até lá. Comece pela Ponte da Academia, que tem uma das vistas mais fantásticas de Veneza e siga para explorar as ruelas super charmosas do bairro.
Não deixe de ver com olhos de lince a igreja San Giorgio Maggiore, o seu campanário e o Labirinto Borges. Na volta da ilha, você pode jantar nos arredores do Campo Santa Margherita al Grande, que é uma das praças mais populares de Veneza e repleta de turistas. A Ponte Rialto é considerada a mais romântica de Veneza. Se for pedir alguém em casamento, pense neste assunto ao decidir conhecer a ponte com seu amor. Ah, e não deixe de subir no terraço da Fondaco dei Tedeschi para vistas incríveis e gratuitas de Veneza.
O Mercado Rialto é um dos mais tradicionais da cidade e frequentado por moradores da cidade. Depois visite o Palazzo dei Camerlenghi e Igreja San Giacometto, com entrada gratuita. Explore também o Sotoportego de l’Erbaria, às margens do Canal Grande e se delicie com um cafezinho olhando as águas.
A sugestão do entardecer é caminhar na Riva Del Vin, um dos calçadões mais movimentados de Veneza e tem vistas lindas do canal. Por lá vai encontrar vários restaurantes e bares charmosérrimos! A caminhada pode rolar até Canareggio, o bairro mais residencial e autêntico de Veneza.
Vale a pena conhecer a Galleria Giorgio Franchetti , a Ca’ d’Oro, a Casa del Tintoretto, a Igreja da Madonna dell’Orto, a Ponte Chiodo e a Igreja de Santa Maria Assunta. Ah, e o Gueto Judeu é muito interessante, já que representa o mais antigo do mundo!
Fique esperto com a Acqua Alta, um fenômeno que ocorre periodicamente em Veneza, quando o mar sobe de nível. Algumas grades são colocadas nas ruas para os pedestres passarem sem se molhar. A maré sobe até 90 centímetros do seu nível normal.
Para sentir verdadeiramente o clima de Veneza, sente-se às margens dos canais para apreciar o vai e vem das águas, barcos e gôndolas! Faça e poste muitas imagens lindas. Viva a Sereníssima (denominação dada aos príncipes e soberanos) Veneza, a capital da região de Veneto! Viva! Tim Tim!
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