No ar desde o segundo semestre de 2023 pela TV Universitária/Cultura, o programa semanal traz para o centro do debate a saúde mental
Publi Editorial | Fotos Mauro Marques
No universo dos gênios que inventaram a televisão brasileira – ou copiaram de forma bem sucedida o modelo norteamericano – Walter Clark pode ser visto lá no topo. Foi ele o responsável por apresentar aquele mundo mágico ao José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, outro na categoria “Gênio”, seu discípulo.
Clark dizia que qualquer ascensorista pode fazer uma programação televisiva. Difícil é mantê-la a partir da segunda semana. Em defesa de seu raciocínio, argumentou certa vez durante entrevista à uma grande revista de circulação nacional: “A televisão precisa encontrar a verdade, precisa ter contato com o dia-a-dia. Não adianta tentar fazer o melhor filme, ela não vai fazer o melhor filme, vai fazer a melhor bobagem. Você sente isso quando liga a televisão”, disse o descrente diretor sobre a qualidade do que muito produziu.
Para Walter Clark, a verdade está no conteúdo, como ele é sonhado, idealizado, desenhado e concebido. Foi do sonho que a psicóloga Núbia Carvalho fez brotar um programa de tv necessário, o Papo-Cabeça.
Em formato de videocast e podcast, o programa é uma inovação na televisão regional porque mergulha profundamente em indagações infinitas acerca da origem de questões que nos atormentam a todo o tempo. Se antes o mal repousava nas doenças sequenciadas do corpo humano pelo esforço repetitivo das atividades laborais, hoje isso é invisível dentro de nossas cabeças. E é preciso tomar a iniciativa para investigar e identificar o diagnóstico.
Todos nós merecemos terapia
Tratar temas sensíveis numa roda de conversa num meio tão popular quanto a televisão é privilegiar um público que, muitas vezes, não tem acesso a esse nível de informação. Nem sempre a sujeira jogada pra debaixo do tapete é intencional. Por vezes, quem o faz age por absoluto desconhecimento. Como a mãe que vê um filho introspectivo dentro de casa e não compreende sua dor, pois ele tem teto, comida, roupa e escola. Para ela, isso bastaria. Mas e se a escola, em vez de ensinar, estiver perturbando o desenvolvimento do seu filho? “Não há nada que não possa ser debatido. Tenho clareza, hoje, que informação nunca é demais. E precisamos usar as expressões mais simples e os gestos mais acessíveis para compartilhar a informação. Mesmo que ela seja acadêmica e conceitual. Ela pode se encaixar num drama de família, numa crise conjugal, numa relação entre pais e filhos. Todos nós merecemos terapia”, defende a psicóloga, que também tem formação em Ciências Sociais, Direito, além de uma série de especializações que passam pela administração, docência do ensino superior e gestão de pessoas.
Experiência de vida e acúmulo de conhecimento - boa fórmula
Núbia Carvalho tem 55 anos e está no mercado de trabalho desde a juventude. Oriunda do setor de telecom, teve grandes mestres ao longo de sua trajetória profissional. Um deles, Oscar Motomura, da escola de formação de executivos Amana Key, lhe disse que para ser uma líder de pessoas e processos de verdade, precisaria acumular conhecimento em sociologia, antropologia, gestão, direito e psicologia. Depois disso, talvez, quem sabe, alcançaria excelência. Levou a recomendação ao pé da letra e fez de tudo muito. Casada, mãe de um recém-saído da adolescência, convive com os conflitos, dores e delícias do choque geracional constantemente. Tem preferência pelo atendimento a crianças e adolescentes porque identifica empatia na condução de sua clínica. Mas envolve os tutores que não podem, tão simplesmente, terceirizar responsabilidades. “A família tem que participar. Nada é isolado, tudo tem ramificações. Eu busco questionar a cada um o seu papel. Sintome gratificada quando recebo os feedbacks de mudanças significativas nas vidas dessas pessoas”, diz a apresentadora do Papo-Cabeça com os olhos marejados.
O programa
Na tela da TV Universitária/Cultura toda terça-feira às 8 da noite, o papo-Cabeça com Núbia Carvalho vira um programa de rádio às quintas, no mesmo horário, pela Rádio Universitária. E nas plataformas digitais estão lá todas as edições, no canal da emissora no YouTube, pra quem quiser ver, a qualquer hora. Psicologia financeira, respeito às diferenças, universo LGBT nas organizações, respostas para o bullying e mais de uma dezena de temas que, de algum modo, vão te impactar.
A cada semana, novos entrevistados das mais diversas áreas, sempre que possível, na companhia de um profissional da saúde mental – psicólogos, psiquiatras, psicanalistas, médicos de diversas especialidades e pessoas como a gente, que sofrem ou sofreram em algum momento e buscam respostas para suas aflições.
Tem VERDADE no Papo-Cabeça. Por isso ele é, acima de tudo, uma ferramenta de utilidade pública. Porque é necessário trazer para o centro das discussões, para o debate, algo que atormenta as pessoas e, por muito tempo, foi rotulado como tabu.
Por Rogério Silva, jornalista de televisão há 33 anos. Também administrador, dirige o Grupo Paranaíba de Comunicação em Uberlândia desde 2007. E um fã do trabalho multifuncional de Núbia Carvalho.
A Logomarca Papo-Cabeça, desenvolvida pelo filho, o designer gráfico Henrique Carvalho
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