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Foto do escritorPalmira Ribeiro

HUB ECONOMIA: confira o artigo "Investir e coçar é só começar..." de Adalberto Deluca

Do Tio Patinhas a Elon Musk, como nos faz falta termos aqui, os grandes exemplos popularizados de poupadores contumazes para criarmos nossa geração-modelo de sucesso com investimentos? Enquanto isso vamos aplaudir os escassos exemplos que surgem aqui e acolá.


Por Adalberto Deluca

Fotos Bruno Henrique


Ah! Se depois da mamadeira as crianças aprendessem o valor de poupar! Parafraseando

o título de uma obra literária, esta é uma das frases presas que deveriam estar soltas, e fazem muito artista de plantão cunhar canções que podem se tornar hits. Porém essa canção não é sucesso absoluto para nós como nação. E o contraditório é que aprendemos a consumir como loucos, a acreditar em papai noel (escrito assim pois não considero uma instituição), a descartar consumos que não tiveram uma escolha racional e nos encantar com ‘promoções’ mal sabendo que na verdade deveriam ser liquidações. Hum... amargo esse início de dissertação! Acontece que não dá para falar de algo salutar sem assumir que temos esse viés cultural-econômico-social de transformar o sólido em etéreo.


Quando podemos falar sério mesmo, sobre investimentos, temos uma seara gigantesca para plantar água nesse Saara de nossas imperfeitas escolhas quanto ao dinheirinho sagrado de cadadia-de-cada-brasileiro-de-bem. Pequenos gestos de quem possa ampliar esse horizonte que só traz prosperidade a quem o experimenta e aguenta a tentação do consumo fácil nos trariam inumeráveis e felizes consequências.


Me permito devanear um pouco ainda sobre o lado oculto dessa lua cheia ao tecer comparações de situações que seriam de humor, se não fossem trágicas. Países Europeus, o Canadá, os Estados Unidos, Coreia e Japão, para ficar nesses exemplos, têm índices de industrialização anos luz superiores aos nossos. Por favor, não olhemos somente o status atual pois estamos em tempo de recuo de escola de samba. Ainda assim, o volume de bens consumidos nesses países, alguns deles com populações inferiores à nossa, são também absurdamente superiores.

E pagam-se impostos. E desenvolvem novas tecnologias; têm máquinas de guerra superior aos nossos tacapes; têm em sua maioria serviços públicos (arghhh!) acima do que desfrutamos. Posso usar etc? Não! Tem mais! Eles exportam, suas escolas do nível superior são modelos formadores de gigantes representantes das máximas expressões de valor, ... Paro nas reticências, que aqui é uma abreviatura de tantos outros indicadores que admiramos, pensando economicamente o que nos leva ao pensar socialmente, que nos leva a... Investimentos! Nessas citadas plagas, transatlânticas ou trasmontanas, as senhorinhas viúvas - sim, por toda a parte as mulheres vivem mais, paciência - não vivem da aposentadoria compulsória como a mais esperada fonte de deleites para a eterna juventude. Vivem, sim, de... poupança! Ah! Poupança! Aqui é sinônimo de pobreza. Ponto final nessa frase. Não se levante da frente dessa publicação por essa propositada ofensa. Antes, busque no tempo quantas vezes, alguém que se saiba, preparou o polpudo colchão aplicando nessa que se tornou uma modalidade e não um sinônimo de Investimentos. Degradamos o conceito e atrasamos o aprendizado exatamente por chamarmos de poupança uma aplicação

deficitária no tempo. Mesmo com sua propensa segurança. Ah, vá? Vou ter de explicar de novo para não ser emparedado. Propensa porque somos o país da caneta virtuosa, basta ter um ‘poderzinho’ fajuto que alguém decide logo o que não foi chamado a decidir. Pronto, falei!

Os pequenos frascos têm... as grandes fortunas. Se aquele jeitinho amiúde de guardar para ver e depois viver do que guardou é uma modalidade de negócio para tantos, outros tantos, apesar de ainda poucos em nossa pirâmide social sem faraós, arregaçaram as mangas, calçaram a cara (seja lá o que isso signifique) e trataram de acumular aqui e ali durante um tempo que não é ‘ali’, como diria um conterrâneo de alguém que lê essas linhas. Seriam os deuses visionários? Como são divertidas as paráfrases, escusa. Por favor, os ‘deuses’ aqui não como divindades, apenas como bons exemplos. E que sejam só os bons exemplos, por favor, de novo.


Para elucidar essa trama sherloquiana de entender como se faz poupança, o sinônimo, olhemos ao redor ou mergulhemos nos buscadores que parecem saber tudo. Nas respostas há os que não perdem uma oportunidade, não por serem sábios e sim, por observarem, conversarem, aprenderem com erros próprios ou alheios. Como tudo acaba em um rótulo, entre tipos e perfis vamos de iniciantes a arrojados, de qualificados a inconsequentes. De Warren Bufett ao felizardo da megasena e outros tantos com recursos prontos para investir e com perfil para cada pescador à espreita (decifreis isso, não julgueis).


Continuando nosso alongamento a la corujas, girando o pescoço para entender o que se propõe no intrincado mundo da oportunidade olhemos as opções. Desde emprestar uns quinhões a um colega no sufoco até contratar um consultor de finanças, há caças para todos os matizes de caçadores (de novo, não caia na esparrela de trocar por presas e predadores).


Perfumes de mulher


Ajustando o nó da gravata e adotando um ar sisudo vamos pôr as moedas nos cofres falando - você consegue me ouvir? - da concretude dos investimentos. Sabedoria está na capacidade de querer e eu julgo sim, o querer acima de sonhos ou sentimentos e muito mais como capacidade cognitiva, caso contrário em todas as classes sociais só se sonharia com Ferraris e que tais. E esse querer faz com que alguns trabalhem mais que outros para atingir objetivos; outros ainda estudam mais; alguns procuram ouvir mais; há os que perguntem sem parar.


Se Carl Jung estivesse por aí lendo coisas assim apontaria logo um plágio para o seu atemporal ‘Tipos psicológicos’. Bem, na verdade é com mestres que aprendemos o certo e o errado. O que tira o glamour do aprender, investir, aprender de novo, errar (pouco) e acertar (muito) é o chamado lado oculto de todos os agrupamentos de seres pensantes, chamados humanos, vivendo nessa intitulada ‘sociedade’ e, nesse cânion que separa certos e errados, há uma turba de incautos - indignados e às vezes raivosos pelas perdas sofridas. Há também diversidade de opções que não são apenas os chamados ‘papéis do mercado’. Encantamentos, devaneios, espertezas, medos e loucuras formam, por aqui, um sedutor caminho que relegam os franceses ao segundo posto de melhores perfumistas do mundo, pois nossos pequenos frascos têm mais, digamos, perfume, se me entende. Sedução pura.

E certamente há em nosso convívio inúmeros seduzidos e seduzidas felizes, assim como também sedutores e sedutoras mercadores de ilusão abduzidos que transformaram sonho pessoal em tragédia alheia e... escafederam-se. Por sorte são em número infinitamente inferior aos bons e honestos mercadores de riqueza.


Podemos dividir as esperanças de imóveis para casar-se, o que pode render bons frutos, digase, a imóveis pechincha (porque alguém não fez o dever de casa). Imóveis que são um excelente plano de futuro para quem, segundo aprendi, vai devagar porque tem pressa. Imóveis comerciais que se transformam em fontes seguras de renda; entre outras modalidades de aço e concreto.


Quando nos voltamos ao meio monetário as figuras carimbadas vão da renda rápida e riscos à renda segura atrelada ao tempo. Há novamente diversidade que se mistura com saber, a querer mais e de novo. Empresas com características sólidas que são fontes de dividendos ou maior possibilidade de reaver o capital investido, mesmo com moderados ganhos e com ausência de sustos ou até eles, moderados - afirmo aqui que eu não acredito em solidez absoluta, pois já houve até hino da cultura do sertão onde o autor de ‘Disco Voador’, Diogo Muleiro, o Palmeira, citou o fato de que ‘qualquer gigante tomba’. Rallys financeiros em que somente exímios pilotos podem se aventurar são sempre objeto de cobiça e de desconfiança por quem não tem a expertise e movimentam fortunas. E esses nossa vã filosofia não pode compreender, facilmente claro, uma vez que, tal qual na terra de santa cruz, em se querendo tudo se aprende.


Celebridades, livros mágicos, brokers e Especialistas


Desde os idos anos 80 tive a oportunidade de ver, aprender, esquecer e muito observar o vai-e-vem do mundo à parte dos investimentos. Escrevo à parte pela razão com que iniciei esse périplo, dada a distância entre a maioria dos viventes dessa terra e a realidade da poupança em si. É de encher a boca d’água, quando não os olhos de água salgada, a voracidade das bolsas quando os mercados locais e internacionais sinalizam estabilidade e produção.


Inverte-se tudo e hibernam quando alguns riscos surgem no horizonte onde nem as pombas se atrevem a buscar um ramo. Tanto a estabilidade quanto o risco surgem quando há mudanças estruturais ou incógnitas indecifráveis a curto prazo. Mudanças de tecnologias que impactem em grandes cadeias; mudanças climáticas que colocam em xeque indústrias estabelecidas (daí o porquê qualquer gigante tomba); alterações políticas que prometem mudanças radicais ou caça-fantasmas a procura de riquezas incompreendidas. Os chamados tempos bicudos, porque nessas horas investidores e ativos não se beijam, trazem grandes ameaças e no êmbolo grandes oportunidades. No meio está o desafio de saber, entender, arriscar ou retroceder.


Nesse meio surgem as obras literárias que promovem fortunas - pelo menos para seus autores - com seus impagáveis ‘Como’. Têm de tudo. Fórmulas fáceis, receitas caseiras, da vovó, alucinações de seres extraterrestres, como, como, como... Lêse muito e aprende-se zero. Há até cartomantes (sem desrespeitar quem o é e os que nelas creem) prometendo trazer a riqueza perdida. Há ciladas do bilhete premiado e a fila da megasena. Porém, há os Especialistas! Apesar de ser uma descrição importantíssima de quem realmente sabe, esse adjetivo também se tornou uma espécie de engodo quando alguns se propõem a fazer, falar e prescrever o que não sabem ao certo. Para nossa sempre vigilante felicidade há uma maioria de autênticos, com reputação e tudo mais, capazes de orientar a quem entenda de uma vez por todas que, navegar é preciso, mas poupar não só é preciso, é imprescindível!


Hoje, mais precisamente agora, vemos, ouvimos e lemos sobre um mar de incertezas que nevoam o horizonte. A chamada pandemia mascarou fatos que desabrochariam de toda forma. Mudanças políticas e guerras civis soprando do Oriente Médio já traziam

desafios com a escalada da imigração para a Europa; a descoberta dos pontos fracos da União Europeia em alguns países desde o naufrágio da Grécia e o socorro sob desconfiança por parte da Alemanha; alguns arroubos progressistas com descuido ao caixa já eram sinais de turbulência. Agora, no caldeirão da Madame Min (lembram ou sabem quem é?) não poderia faltar mais doses de puro ácido. Aí tínhamos um consumo desenfreado causando desequilíbrio em balanças comerciais frágeis; a mudança de modelo econômico em curso com a China querendo deixar o passado chinguilin para um parque moderno e poderoso de sua indústria, atemorizando as marcas consolidadas de uma velha Europa e um arrogante além-mar americano do Norte (de novo a recordação do gigante que tomba!). Criaram a figura dos Brics para sustentar os postulantes à potência com seus produtos primários - sem futuro, sem eira, nem beira. Esses em suas reuniões sem nenhum cuidado com a realidade

arrotavam caviar. E para coroar tudo, pegou-se um mau já repetido de surtos sanitários e transformaram no caos sem dono. Tudo isso, junto e misturado traz insônia a investidores, menos para quem sabe o valor do que tem.


TIR, payback, bola de cristal


Mais uma vez ajustando o foco e a postura preciso afirmar que não há mesmo fórmula mágica. Somente apetite e determinação, regado a informação crível e com pitadas de atenção. Entender o que poderá trazer risco, inclusive nos agentes que se procura, podem deixar claro as contingências de possíveis revezes e se sentar no banquinho do aprender e aprender e podem levar pequenos montantes de capitais a portos

seguros; médios montantes à segurança da cautela com canja de galinha e as grandes disponibilidades a um meio termo que na verdade se divide em três partes: garantir, avançar e arriscar. Certamente as parcelas dessa conta nem sempre é de um terço para cada parte. Respirar fundo, olhar no retrovisor para lembrar como se chegou até aqui e observar cada canto do imenso para-brisas que se desfralda à nossa frente dará a dose exata de como dividir capitais disponíveis de forma a garantir uma travessia, se às vezes não muito segura, pelo menos com possiblidade concreta de chegar à outra margem. Daí o subtítulo desse epílogo porque, saber qual é a taxa de retorno de um fundo de investimento, é uma pergunta que transforma o interlocutor em alguém compromissado com o resultado de quem faz um investimento. Saber o que esperar de resultado líquido é indiscutível, mas ter em mente um ponto de equilíbrio onde incertezas se transformarão em segurança é o que poderá ajustar nossa contracultura da formação de entulhos consumistas-imediatistas para a cultura da formação de riqueza.


Ativos tangíveis em metros quadrados, ouro (porque não) e papéis empilhados; comodities que não podem faltar, moedas que trazem liquidez; fazendas, áreas, lotes ou construções com entrega futura abrilhantam esse cardápio. De outra parte, temse os intangíveis, inimagináveis há pouco como criptomoedas, blockchains, NFTs e metaversos e o universo de fundos; rendas que variam ou fixam um norte; certificados, letras; ETFs e brilhantes ações (na bolsa, claro) que se acotovelam nas boas casas de negócios à espera do seu, ou o meu ou o nosso rico recurso disponível.


Então, palavras com diversificar e “rediar” - nome meio feio para seguro, que não morre mesmo depois de velho - devem ser aprendidas, entendidas e utilizadas. Só não vale se encantar com bolas de cristal ou mágicos de cartola furada.

Façam suas apostas!

  • Adalberto Deluca - consultor sócio da Know How Consulting, palestrante.

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