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Governança no agronegócio brasileiro

Entre o cheiro do capim verde e a tecnologia

Adalberto Deluca | Fotos Divulgação

Quando falamos de governança nas pródigas terras do agronegócio brasileiro, nos deparamos com um paradoxo que rivaliza com a complexidade de um almoço de domingo em família: de um lado, a tradição centenária, do outro, a tecnologia de ponta. Este artigo se propõe a passear por esse campo minado com um sorriso no rosto, explorando os desafios de governança financeira, tecnológica e de pessoas nas empresas de agricultura e pecuária, com um toque de humor e sarcasmo. Só não confunda: estamos falando de fazendas e não de uma sitcom rural.

A governança nas empresas do agronegócio brasileiro, especialmente aquelas focadas em agricultura e pecuária, é um jogo de equilíbrio entre métodos quase ancestrais e inovações disruptivas. Vamos desbravar as intricadas trilhas da governança financeira, da tecnologia de automação e da gestão de pessoas. Prepare-se para uma jornada por entre campos e planilhas, onde as vacas podem ser contadas tanto por drones quanto pelos dedos.

Governança Financeira: entre tradição e a necessidade de transparência

A governança financeira no agronegócio pode oscilar entre o manuseio de velhos livros de contabilidade cobertos de poeira e sistemas de gestão ERP (Enterprise Resource Planning) que organizam receitas e despesas com a precisão de um relógio suíço. No entanto, o desafio começa quando a transparência financeira precisa romper com a cultura do “sei de cor” que domina muitas gestões familiares rurais. “Deixa que eu chuto” já era falta nas peladas dos campinhos de terra e ainda permanecem com a falta de evolução em campos verdejantes de uma economia paralela que se mostra maior que muito balanço liderado por xeiques.

Desafios da transparência

A transparência é crucial para a sustentabilidade das empresas, mas enfrenta barreiras como a resistência ao registro formal e a desconfiança em tecnologias que automatizam a fiscalização financeira. Este cenário é fértil para práticas onde os números são mais flexíveis que varas de pescar e relatórios financeiros se tornam verdadeiros romances de ficção. Ninguém quer esconder nada, mas nem sempre se lembra onde guardou o que. E a questão não é de memória, mas sim de costumes.

Fiscalização e Compliance

A implementação de normas de compliance, que garantem o cumprimento das leis e regulamentos, muitas vezes é vista como um empecilho maior que cercas para o gado. No entanto, as empresas que adotam essas práticas notam uma melhoria na confiabilidade perante bancos e investidores, vital para a captação de recursos e expansão. Além disso, a prática comum de contar o que sobrou (ou faltou) e considerar como lucro inibe o próprio ganho. São incontáveis os juros por atraso em pagamentos de contas porque a fatura ficou perdida nos tapetes enlameados das também caras pick ups. A resistência ao registro meticuloso e à transparência financeira é uma arte dominada no campo. Há quem acredite que uma planilha de Excel tem o mesmo apelo de um banho frio em dia de inverno. Esse ambiente é fértil para práticas financeiras que são mais criativas que as obras de Picasso, onde ‘livros caixa’ podem ter mais ficção que a seção de literatura de uma biblioteca.


Migração para a tecnologia de automação: trocando o arado por drones

Imagine a cena: um drone sobrevoa uma plantação enquanto um agricultor tenta descobrir onde liga. Esse é o retrato da adoção tecnológica em muitas fazendas do Brasil. A transição de métodos tradicionais para a automação é como convencer o gato a tomar banho - teoricamente possível, mas na prática, uma aventura. O desafio não é apenas de logística e infraestrutura – é cultural. Afinal, como você explica para alguém que o trator agora é guiado por GPS e não pelo instinto? A implementação de tecnologias que prometem aumentar a produtividade enfrenta obstáculos que vão desde a falta de treinamento até o acesso limitado à internet que, às vezes, é tão lento que faz o tempo de espera parecer um feriado prolongado.


Migração para a tecnologia de automação: o campo conectado

A inserção de tecnologia nas fazendas brasileiras tem o potencial de transformar completamente a paisagem rural. No entanto, substituir métodos tradicionais por tecnologias avançadas como IoT (Internet das Coisas) e IA (Inteligência Artificial) pode ser tão desafiador quanto ensinar um velho caubói a programar. Para estimular os ânimos, muito se apostou na sucessão familiar que traria de volta os filhos e filhas pródigos que outrora sumiram depois da porteira em busca de conhecimento e virtudes. A questão é que muitos voltam enebriados com a tecnologia urbana e não conseguem praticar seus doutos em pó e lama. Sem considerarmos ainda os que voltam revolucionários em busca da herança (dos vizinhos) que deveria ser socializada ou, pior ainda, voltam sem saber juntar “lê” com “quê” (permissão para um linguajar de estradão de terra batida).


Adoção tecnológica

Os benefícios da automação são claros, desde o aumento da eficiência até a redução de custos operacionais. Contudo, a adoção enfrenta obstáculos como o alto custo inicial e a falta de conhecimento técnico. Além disso, a infraestrutura básica, como a internet estável, ainda é um luxo em muitas áreas rurais. Aqui, um adendo aos cosmopolitas CEOs e CTOs das grandes imperatrizes da telecomunicação: quanto desperdiçam em lucros por contarem cabeças e não bolsos para expandir seus impérios lucrativos para então servir – de verdade – a um campo faminto que mata tanta fome??!!

Capacitação e modernização

Promover a capacitação tecnológica e modernizar as instalações são passos fundamentais. Programas de treinamento e parcerias com empresas de tecnologia podem facilitar essa transição, transformando o medo da novidade em entusiasmo pela produtividade. Imagina-se o por do sol digital que essas práticas nos mostraria.


Governança de Pessoas: criando, promovendo e cultivando talentos

A gestão de pessoas no agronegócio é tão diversa quanto suas culturas. Com uma força de trabalho que varia do campo à administração, encontrar um denominador comum para políticas de RH é essencial, mas desafiador. Esse tema é igual chá da vovó para curar desinteria: ruim de tomar, mas delicioso na geração de benefícios. Se de um lado é quase certo que o despertar da adoção tecnológica substituirá uma carência sem freios por mão de obra (primeiro, quantidade) e mão de obra com capacidades (aqui, a qualidade) por outro é fato que o tempero humano, principalmente o brasileiro com criatividade e obstinação, nos daria uma vanguarda de anos-luz no fornecimento de alimentos – também mais qualitativo do que quantitativo. Gerir pessoas no agronegócio é um desafio digno de um prêmio. Com uma força de trabalho tão escassa e diversificada, desde o peão de fazenda até o agrônomo PhD, a comunicação é frequentemente um jogo de telefone sem fio onde ninguém fala a mesma língua. Implementar práticas de RH eficazes é como tentar organizar uma dança de salão durante uma corrida de touros. Promover uma cultura de respeito mútuo, resultados e desenvolvimento profissional nesse cenário pode parecer tão distante quanto a ideia de vacas voarem - embora, com a tecnologia de hoje, quem sabe?

Comunicação e liderança

A liderança precisa ser adaptativa, capaz de entender as necessidades de um ambiente tão heterogêneo. Implementar uma comunicação clara é crucial para alinhar expectativas e responsabilidades, transformando antigos modelos centralizados em lideranças inspiradoras. Desenvolvimento e retenção de talentos Atrair e reter talentos no campo exige mais do que salários competitivos; requer oportunidades de crescimento e um ambiente de trabalho saudável. Incentivar a educação continuada e promover uma cultura de valorização e respeito são chaves para um quadro de funcionários engajados e produtivos. Os salários atraem, os ganhos retêm, as parcerias convêm. Conclusão sem chegar ao fim Governar uma empresa de agronegócio no Brasil é navegar em um rio cheio de corredeiras. Entre manter a tradição e abraçar a inovação, essas empresas enfrentam o desafio de equilibrar eficácia operacional com práticas sustentáveis e inclusivas. Mas com o pé no futuro e um olhar no horizonte, o setor tem tudo para liderar e prosperar no cenário global, mostrando que o campo, além de verde, pode ser também o terreno da inovação. O futuro é promissor para aqueles dispostos a trocar o chapéu de palha por um capacete de realidade virtual, sem perder o charme rústico do campo.


Adalberto Deluca é consultor empresarial com foco em Gestão para Resultados

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