José Mauro Floriano | Foto Divulgação
A origem do termo gentrificação destacava a elitização dos espaços e áreas urbanas, onde os mais ricos “expulsavam” os mais pobres das áreas mais tradicionais das cidades e promoviam a valorização imobiliária. Prefiro uma interpretação mais atual, onde se considera a revitalização e transformação urbana.
Atualmente, fazemos separação entre bairros planejados daqueles que se desenvolveram durante os anos. Vale ressaltar que o Plano Diretor é uma forma eficaz para que sejam incorporados conceitos de bairros planejados no futuro das cidades. O grande desafio dos gestores públicos e da sociedade é destinar recursos e prestar a devida atenção aos bairros já existentes e que, não raras vezes, apresentam problemas de infraestrutura e oferta de serviços para a população.
Uma preocupação contínua e recorrente é o que trata da revitalização dos centros urbanos. As cidades com mais de 80 anos de fundação, já apresentam vários desafios em sua arquitetura, manutenção, mobilidade e serviços para a população em seus bairros mais antigos. Neste ponto, o conceito de gentrificação com olhar mais moderno pode fazer sentido para promover o interesse, a participação, investimentos e a participação de diferentes atores, visando criar e manter um bom ambiente, qualidade de vida e valorização mais uniforme das áreas das cidades.
A convivência harmoniosa das pessoas, uma boa rede de serviços para atender a população de determinados bairros, oferta de espaços públicos e privados com lazer e diversão e bom sistema de segurança, certamente, podem trazer uma nova configuração do mapa urbanístico. O pensamento moderno exige dos gestores públicos, empreendedores e entidades empresariais e do terceiro setor um maior envolvimento para estabelecer a visão de futuro e identificar os projetos prioritários para a promoção dos benefícios da gentrificação, sem provocar as divisões de classes sociais.
Vamos retornar ao tema “revitalização dos centros das cidades”. Existem aqueles que defendem a preservação das edificações antigas, outros defendem a modernização, alguns defendem transformar os centros em grandes calçadões, outros em centros comerciais populares, ou seja, não há consenso neste quesito. Por outro lado, todos têm a consciência de que algo precisa ser feito, caso contrário os centros das cidades continuarão sem investimentos, sem segurança, sem beleza, sem serviços, sem atratividade para investidores e moradores.
O que fazer? O melhor caminho é pensar diferente e inovar. Quem pode tomar as melhores decisões e tem autoridade para isto são os proprietários, moradores e usuários de serviços dos bairros. Adotando métodos de solução de problemas e ferramentas como o Design Thinking, estes atores encontrarão soluções que podem transformar estas áreas e bairros. As cidades continuam crescendo, porém, não podem crescer sem considerar e valorizar o que já existe.
O convite, portanto, é: adotar o conceito moderno de gentrificação voltado para o futuro, valorizando a natureza, promovendo o novo de forma harmoniosa, adotando soluções inovadoras, com estímulos à participação das pessoas que realmente se importam com suas propriedades e seus bairros.
José Mauro Floriano é corretor e avaliador imobiliário. Tem MBA Gestão Empresarial e é especialista em Gestão Empresarial e Investimentos em Negócios Inovadores.
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