Redação | Fotos Marlúcio Ferreira
Em ano eleitoral, com eleições municipais para prefeito e vereadores, a Hub Club traz uma série de entrevistas políticas exclusivas. Conversamos com figuras centrais no cenário político atual: o prefeito Odelmo Leão, seu vice e précandidato à sua sucessão, Paulo Sérgio Ferreira, além da deputada Federal Ana Paula Leão. Esses líderes compartilharam detalhes de suas principais atividades, realizaram um balanço de seus mandatos, discutiram desafios futuros, bem como suas expectativas para o próximo pleito eleitoral.
O senhor já foi prefeito de Uberlândia em dois ciclos de oito anos. Como o senhor compara os dois momentos: 2005 a 2011 e 2017 a 2024? Qual foi o mais difícil?
Os dois períodos apresentaram grandes desafios, já que em ambos assumimos a cidade com graves problemas de gestões anteriores. Foi preciso muito trabalho Prefeito Odelmo Leão para colocar a casa em ordem para, de fato, botar em prática os compromissos assumidos com o povo de Uberlândia. Na primeira gestão, lidamos com questões estruturais e implementarmos projetos fundamentais para o desenvolvimento urbano. Já na segunda, além de tudo isso e atrasos de todo tipo (salários, compromissos com fornecedores, etc.) enfrentamos, principalmente, a pandemia de COVID-19 e uma série de crises socioeconômicas e políticas. Os dois demandaram muita dedicação e trabalho duro da nossa equipe. E o povo, para onde olha, enxerga uma entrega, um trabalho nosso.
O senhor enfrentou uma pandemia, uma guerra… como está sendo estar hoje na prefeitura de Uberlândia? Quais foram, quais são os maiores desafios que um prefeito tem no município brasileiro, especialmente em Uberlândia?
A Covid foi o grande desafio que todos os prefeitos do Brasil enfrentaram nos últimos anos. Mas temos enfrentado quedas consideráveis na arrecadação dos municípios e, de outro lado, o aumento das responsabilidades locais sem as devidas fontes de custeio. Para se ter uma ideia, hoje Uberlândia assume uma responsabilidade com a média e alta complexidade em saúde, que não é função do município. Enquanto a Constituição nos impõe colocar 15% em saúde, aqui esse percentual chegou, em 2024, a 35,73%. Não podemos deixar a população desassistida, mas temos que ter maior contrapartida dos governos estadual e federal. Produzimos e não recebemos. Vivemos um verdadeiro subfinanciamento. Estamos vivendo, especialmente neste ano de 2024, quedas mais severas na arrecadação. Somente com a mudança do ICMS da Educação, projetamos uma perda anual de R$ 80 milhões. Isso sem contar os (bem) mais de R$ 1 bilhão que o povo de Uberlândia perdeu com erros do repasse da parcela do ICMS vinculada ao VAF, cuja tese favorável à cidade no STJ não é cumprida. Em relação à guerra Rússia/Ucrânia, enxergamos um grave problema em relação à importação de fertilizantes, cujos preços foram nas alturas. Cientes do potencial para estudar os benefícios de remineralizadores de solo, mais especificamente com o pó de basalto abundante na nossa cidade – são 16 mil hectares –, lideramos os estudos com a CAMPO por uma solução mais barata e com resultados já comprovados. Depois de inúmeros estudos, pesquisas e validações, o pó de rocha está liberado para a venda e tenho orgulho de conduzir Uberlândia neste papel de apoiar o setor do Agro, que é o que move a economia, e também com olhar apurado à sustentabilidade e ao cuidado com o planeta, com esta e várias ações.
Quais foram suas maiores conquistas e realizações enquanto gestor municipal?
Quem realiza é Deus, sou apenas um instrumento Dele. Primeiro é Ele e quem constrói é o nosso povo. Se fosse enumerar uma a uma, teríamos que ter algumas edições especiais para mostrar todo o trabalho. Se fechássemos os olhos e pensássemos em Uberlândia sem as obras e ações que nossa administração fez, como seria nossa cidade? Como seria o trânsito na avenida Rondon Pacheco sem as obras de mobilidade urbana que fizemos por lá? Como seria a rede de saúde sem as unidades de saúde que construímos, com os recursos viabilizados como deputado? Como estariam as pessoas sem o Hospital e Maternidade Municipal Dr. Odelmo Leão Carneiro, um dos maiores e mais modernos hospitais públicos do país? Como estaria o abastecimento de água sem a ETA Capim Branco, que por muito pouco não perdemos por irresponsabilidade de outros gestores? Nossas crianças, sem as dezenas de escolas reformadas, construídas, seguras com sistema de videomonitoramento, com a melhor merenda do país e com projetos de tecnologia e robótica? E sem a regularização de tantas áreas, a oferta de habitação digna para milhares de famílias? Graças a Deus nossa cidade voltou ao caminho do progresso.
Em relação aos que falam que o senhor é um prefeito de viadutos, o que responder para essas pessoas que tentam reduzir o trabalho a essas importantes obras de infraestrutura urbana?
Isso não me incomoda, porque não é verdade. Qual administração fez tanto pela cultura como a nossa? Tiramos do papel o Teatro Municipal de Uberlândia, que ficou por décadas com as obras paradas, reabrimos espaços culturais na região central, criamos o Centro Municipal de Cultura no antigo fórum, com espaços pensados para atender nossos artistas e, principalmente, valorizando nossas manifestações culturais locais, demos andamento à revitalização total do Cineteatro Grande Otelo e muito mais. Criamos os Naicas, Condomínios do Idoso e Ceais – inclusive entregaremos a quinta unidade no Morumbi nos próximos dias –, a Casa da Mulher, o aplicativo Salve Maria e ampliamos a oferta de cursos profissionalizantes, tudo para cuidar do social e das pessoas. Além das escolas e investimentos na saúde, temos atração recorde de investimentos, maior crescimento do PIB Industrial do país nos últimos 20 anos, 100% da cidade com esgoto, água tratada e coleta seletiva, serviço público modernizado com acesso do cidadão à Prefeitura, implantação dos programas de integridade, sistemas de compliance e gestão ética, programas e ações de bem-estar animal como nunca antes vistos... Isso não é ser o prefeito de viadutos, isso é ser o prefeito que pensa em toda a cidade, do progresso. O resultado está aí. E todas as obras de infraestrutura urbana foram fundamentais para o desenvolvimento da cidade e o bem-estar da população.
Neste ano teremos eleições municipais, viemos de um processo altamente polarizado. Como o senhor enxerga o processo eleitoral para as eleições de 2024 para prefeito municipal?
Eu esperava que tivéssemos uma eleição municipal limpa e com discussões apenas de ideias e propostas mas, infelizmente, o cenário em Uberlândia, já neste início do ano, mostra o contrário. Na política é preciso diálogo, participação de todos e, principalmente, que todos os envolvidos pensem no bem comum. Mas a impressão que se tem é que muita gente trabalha exclusivamente para seus interesses próprios e isso não pode acontecer. Torço para que consigamos fazer um processo eleitoral democrático e transparente, sem ataques pessoais e sem Fake News. Só dessa maneira a população de Uberlândia sairá como vencedora do processo.
Quais os maiores desafios a serem enfrentados pelo próximo gestor que vai sucedê-lo?
O grande desafio que qualquer prefeito eleito em Uberlândia terá é de manter o equilíbrio e a seriedade com as contas públicas e gerir uma cidade que cresce a cada dia mais para dar conta das demandas de políticas públicas e de infraestrutura. Administrar uma cidade como Uberlândia não é uma tarefa fácil e já vimos no passado que não é para qualquer um. Tivemos na Prefeitura, inclusive em um passado recente, experiências desastrosas e quem pagou o pato foi a população e os nossos servidores públicos, que tiveram salários e benefícios parcelados e em atraso. O próximo líder do Executivo precisa ter palavra, responsabilidade e os pés no chão, para não desonrar compromissos e seguir fazendo de Uberlândia uma cidade próspera, progressista e humana, que, segundo o IBGE, foi a que mais cresceu no Brasil nos últimos anos. É um momento de avaliar quem de fato tem experiência para administrar a segunda maior cidade de Minas Gerais.
Quem o senhor vai apoiar nas eleições municipais?
Seguiremos com o nosso précandidato, o vice-prefeito Paulo Sérgio, que reúne as características fundamentais para a condução da cidade. A escolha foi pautada no bem do povo, na continuidade do projeto de desenvolvimento de Uberlândia que estamos vendo, com qualidade de vida, investimentos, geração de emprego e renda e inovação. A responsabilidade de ser prefeito será ainda maior com o cenário socioeconômico e político que se desenha em Minas e no Brasil. Por isso, a capacidade de gestão sem perder o olhar de cuidado e carinho com o povo foram soberanas nessa decisão. E, claro, na minha visão, não devemos permitir que quem fez tanto mal pela cidade e ainda faz pelo país voltem ao executivo.
Em relação à deputada federal Ana Paula, como avalia o mandato dela que teve seu apoio e participação para elegê-la?
A Ana foi meus braços e pernas na minha carreira política, desde que assumi como deputado pela primeira vez, há mais de três décadas. Sempre percebi nela um dom, até maior que o meu. O dom de cuidar, olhar pelo outro, sentir a dor e encarar os desafios diários de uma cidade, onde o povo está. Quando apoiei sua candidatura, sabia que caso fosse eleita faria um trabalho brilhante em Brasília, como fez comigo. É uma parlamentar firme, de posições fortes – uma das poucas que se insurgiu contra esta absurda reforma tributária aprovada a toque de caixa pelo Congresso – e que vota de acordo com a sua consciência, os valores da nossa gente e o bem para o país. O que for a favor do povo, ela vota sim. O que for contra, vota não. Os benefícios da Ana como deputada em Brasília são vários, como os milhões de recursos viabilizados em prol de Uberlândia, em diversas áreas, inclusive suas emendas individuais, com quase duas dezenas de milhões para a cidade. Sem contar seus projetos em apoio aos produtores rurais – em especial os de leite –, e a luta incansável por uma melhor prestação de serviços pela companhia de energia elétrica do nosso Estado e pelo adequado reconhecimento federativo dos municípios. As cidades precisam de autonomia, e essa só é possível com recursos próprios, sem dependência, sem pires na mão. Ela me orgulha todos os dias e sou feliz de construir tanto ao lado de uma pessoa tão dedicada, corajosa e firme em suas posições.
Ana Paula Leão A senhora acabou de completar seu primeiro ano de mandato como deputada federal. Quais foram as principais realizações ou conquistas?
O primeiro ano foi intenso e bastante positivo. Lancei e presido a Frente Parlamentar em Apoio ao Produtor de Leite, defendendo os interesses das mulheres e homens do campo que sustentam o setor. Reunimos milhares de produtores em Brasília em dois grandes encontros, para discutir soluções à crise enfrentada e cobrar ações do Governo Federal. Sou presidente da Subcomissão do Leite na Comissão de Agricultura e coautora do requerimento que cria a Subcomissão Especial da Segurança no Campo. Fui eleita para representar todos os mineiros e para eles busquei mais de R$ 11 milhões em recursos. A vida acontece nos municípios e nosso dever é contribuir com o seu desenvolvimento. Me orgulho de ter sido a única parlamentar da região a votar “não” para o texto da Reforma Tributária. Apresentei projetos de lei que foram aprovados e que estão próximos de se tornarem realidade, como o que nacionaliza o Condomínio do Idoso e o que institui a Semana Nacional do “Mutirão Direito a Ter Pai”. Também relatei o Projeto Julho Neon, que estabelece o mês como o de conscientização da saúde bucal. Sou coordenadora da mulher no campo na Frente Parlamentar pela Mulher Empreendedora, coordenadora de Minas Gerais na Frente Parlamentar da Invasão Zero e atuei na promoção de um futuro mais sustentável com a defesa de boas práticas na agricultura, assumindo a posição de coordenadora temática do basalto como remineralizador na Frente Parlamentar da Mineração Sustentável. Fiz parte da CPI do MST, ocupei a primeira vice-presidência da Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados e sou secretária executiva na Frente Parlamentar do Sistema Único de Assistência Social (SUAS). O primeiro passo foi dado, tenho muito trabalho pela frente e o meu desejo é alcançar resultados, neste segundo ano, ainda maiores e melhores.
Como foi deixar a prefeitura de Uberlândia e ir para o Legislativo Federal?
Estou na administração pública há mais de 30 anos. Trabalhei nas quatro gestões de Odelmo como prefeito de Uberlândia e também nos cinco mandatos dele como deputado federal. Cada etapa serviu de aprendizado para que, hoje, eu pudesse estar exatamente onde estou. Ocupar uma cadeira no Legislativo Federal é a realização de um sonho e resultado de muito esforço. Não foi fácil e continua não sendo. Os tempos são outros e os desafios que enfrentamos também, ainda mais sendo mulher. Mas meu modo de trabalho é o mesmo, sempre com transparência, honestidade e dedicação. Seja onde for, o meu compromisso é com o Brasil, com nossos municípios e com nossa gente.
Qual a diferença entre sair do poder executivo e ir para o Legislativo?
As responsabilidades mudam e a forma de trabalho também. Na época em que fui secretária, o meu papel era garantir o pleno funcionamento do governo municipal, a eficiência dos serviços públicos e atender as necessidades da nossa comunidade. Na Câmara dos Deputados, como representante de Minas Gerais, meu compromisso é com os mineiros e minhas decisões impactam o país inteiro. Não legislo para um município, mas pelos interesses de todos. São realidades completamente diferentes que exigem um diálogo constante e disposição. Independentemente de onde eu estiver, a única coisa que não muda são os meus princípios e valores.
A legislação eleitoral veda sua candidatura à prefeita de Uberlândia na próxima eleição. Qual sua mensagem para quem tem a intenção de votar na senhora se fosse possível?
Estou na Câmara dos Deputados porque fiz uma escolha e tem pessoas que confiam no meu trabalho. Para os próximos anos, meu principal objetivo é finalizar meu mandato como deputada federal e fazer a diferença na vida dos mineiros. Não descarto nenhuma possibilidade futura, mas seguirei dando o meu melhor e concentrando todos os meus esforços em honrar a confiança que em mim depositaram.
Paulo Sérgio Ferreira
O senhor está na vida pública há muitos anos, já está com o prefeito Odelmo como seu secretário, diretor do Dmae, vice-prefeito há dois mandatos. Conte quem é Paulo Sérgio Ferreira?
Sou filho da dona Eleusa, costureira, e do Sr. Osmar, caminhoneiro, nascido e criado em Uberlândia, cidade pela qual tenho um amor profundo. Aqui cresci, estudei no Bueno Brandão e no Museu, me formei em Engenharia e Administração pela UFU, casei com a Cárita, constituí família, criei meus três filhos, empreendi e hoje estou como vice-prefeito no segundo mandato, conduzindo a cidade ao lado do prefeito Odelmo Leão. Estou na gestão pública há 30 anos. Comecei com o saudoso prefeito Virgílio Galassi, de quem fui secretário de Indústria e Comércio, aos 26 anos. Entendo que a política tem a missão de melhorar a vida das pessoas, criar uma sociedade mais justa, inclusiva, sustentável e deve estar sempre focada no bem-estar e no progresso coletivo. É para isso que trabalho todos os dias.
Como é sua relação com o prefeito e como você enxerga essa condição, como pré-candidato, de suceder um prefeito avaliado como um dos melhores do Brasil?
Ao longo desses 20 anos ao lado do prefeito Odelmo Leão, participei de todas as importantes transformações em nossa cidade. Tenho uma relação de amizade e de muito aprendizado com esse que considero o melhor gestor público do Brasil. Ser considerado para dar continuidade a esse trabalho é uma honra e também grande responsabilidade. Assim como o prefeito Odelmo, amo essa cidade e continuarei me doando cada dia mais para avançarmos, com qualidade de vida e geração de oportunidades para todos. O fundamental é que Uberlândia não pode parar nem retroceder.
Como tem sido administrar a vida empresarial, de empreendedor e a carreira política? E como seria sua permanência caso venha a ser eleito prefeito de Uberlândia?
Iniciei meu primeiro negócio aos 20 anos e sou um apaixonado pelo empreendedorismo. Porém, desde que fui eleito vice-prefeito de Uberlândia, me afastei das empresas para me dedicar à vida pública. Creio que cumpri minha missão na iniciativa privada e acredito que posso contribuir com a nossa cidade.
Quais foram as principais conquistas que o senhor participou junto com o prefeito Odelmo à frente da prefeitura de Uberlândia desde 2017?
Todas as conquistas são para nossa população. Fico feliz em ver a cidade se desenvolver. Enfrentamos momentos difíceis no início dessa gestão, com a prefeitura muito endividada, salários de servidores atrasados, equipamentos sociais sucateados, leitos do Hospital Municipal fechados. Logo depois de organizarmos as contas públicas, veio a pandemia, mais um momento difícil. Mesmo diante de tantos desafios, conseguimos realizar importantes obras em todas as áreas. Inclusive no último ano, conquistamos a premiação de melhor gestão pública do país entre as cidades de 500 mil a um milhão de habitantes. Isso mostra a capacidade de gestão do prefeito Odelmo Leão e toda a nossa equipe. Fazer parte disso é a maior conquista.
Quais são os principais desafios que o próximo prefeito de Uberlândia, quem quer que venha a ser, terá que enfrentar?
Hoje somos a segunda maior cidade de Minas Gerais e a que mais cresceu em números absolutos nos últimos 10 ou 12 anos. Esse crescimento tende a continuar com uma gestão eficiente. Precisamos estar preparados para atender as necessidades de uma população cada vez maior. Temos que avançar na educação, na saúde, na mobilidade urbana e nos equipamentos sociais. E mais importante: continuar atraindo investimentos e gerando oportunidades para as pessoas.
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