Wallace Neves | Fotos Divulgação
Barolo é um emblemático vinho italiano, elaborado 100% com a variedade Nebbiolo na região do Piemonte. Foi o primeiro vinho a ser vinificado seco, ou seja, sem residual de açúcar, e foi o primeiro vinho a ter a Denominação de Origem (DO) Controlada na Itália. Por volta dos anos 40 do século XX, na Toscana iniciou um movimento conhecido mais tardiamente como os Super Toscanos. Uma das práticas utilizadas, era amadurecer os vinhos em barris novos e pequenos, como aconteciam frequentemente na região de Bordeaux na França. Porém, os produtores de Barolo já envelheciam seus vinhos nesse recipiente desde 1820, ou seja, 80 anos antes da Toscana.
Em que momento o Barolo se torna o Vinho dos reis?
Para responder essa pergunta, precisamos voltar aos anos 1806, quando a francesa Juliette Colbert vai se casar com um oficial, que se tornará marquês de Turin e, nesse momento, está na França no reino de Savoie. Ambos se apaixonam. Casam e retornam para Turin.
Esse oficial era um nobre de uma cidade interiorana chamada Barolo, que dá o nome da DO. Após o casamento, Juliette Colbert se tornara a Giulia di Barolo ou Marquesa di Barolo. E qual a importância da Marquesa? Por ser francesa, ela era acostumada a apreciar os grandes vinhos da França. Quando chegou à Itália, o Barolo era um vinho pouco conhecido, feito com uma uva local, muito adstringente e doce e levemente gaseificado. Como era uma mulher à frente de seu tempo e grande empreendedora, decidiu contribuir para melhoria da qualidade dos vinhos produzidos na região.
Em 1820 aproximadamente, passou a importar da França as barricas de carvalho para estagiar os vinhos produzidos. Com isso, os vinhos de Barolo começam a melhorar e ganhar fama na região. Em uma visita ao rei Carlos Alberto Sardenha, que era o rei de Savoia, ele comentou com Giulia que os vinhos de Barolo que ela produzia eram famosos e que ele gostaria de provar.
Visionária, a marquesa di Barolo enviou 325 barris de vinhos para o Rei, correspondendo a cada dia do ano.
E porque ela enviou somente 325 e não 365 barris? A resposta é simples! O rei era católico e não bebia na quaresma.
Essa foi uma grande estratégia de marketing, que logo em seguida o Barolo se tornou o vinho predileto de toda nobreza europeia, se tornando o vinho dos reis e o rei dos vinhos.
Saúde!!!
Wallace Neves é sommelier internacional, consultor em vinhos e colunista da revista Hub. Embaixador dos Vinhos do Alentejo e Melhor Sommelier do Brasil (2022).
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