Precisamos refletir sobre a cidade que estamos construindo
Tony Amaral | Fotos Divulgação
Em comemoração ao aniversário da cidade, pensei em como poderia trazer um enfoque em relação à saúde emocional, pilar do meu trabalho como psicoterapeuta. Lembro-me com saudades da minha infância em Uberlândia nos anos 70 e 80.
Eram tempos diferentes e os vínculos de afeto e as relações familiares eram mais próximos. Meus avós paternos moravam no Fundinho, na Rua Lúcia Matos, e parte da minha infância foi vivida lá.
Meu pai exerceu a profissão de alfaiate sua vida toda, bem ali no centro da cidade, onde desde criança aprendi a trabalhar cuidando da alfaiataria, buscando cafezinho para os clientes e realizando as entregas, a pé ou de bicicleta.
Foi uma infância feliz. As lembranças que carrego desta Uberlândia são a base para o meu desenvolvimento humano e tenho certeza que foram muito boas e, desta forma, procuro passar um pouco dessa história para os que são mais novos, ou mesmo que não conheceram esta Uberlândia.
Os valores familiares, as relações de amizade, o trabalho e as escolas exerciam uma força determinante como estrutura de vínculo e afeto, para as quais, nossa sociedade pós-moderna atual, infelizmente não consegue se aproximar, o que, segundo meu ponto de vista, contribui para um adoecimento emocional cada vez mais impactante, diante das próprias pesquisas e constatações da área da saúde.
Precisamos refletir sobre a cidade que estamos construindo e nos orgulhando de seu crescimento. Porém, devemos retomar o olhar para nossas origens, no sentido de buscar aquele bem-estar que pairava quase como real em torno desta sociedade e que, nestes tempos, se foi.
Desejo de todo o coração que nossa querida cidade, ao avançar em sua idade, consiga também manter suas raízes no solo sagrado, dos nossos ancestrais, que tanto amaram esta terra e que nos deram amorosamente como herança.
Toni Amaral é professor e psicanalista clínico
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