Cezar Honório Teixeira | Foto Marlúcio Ferreira
Não há como escapar do fato de que um dos principais temas deste ano será a eleição municipal quando serão eleitos prefeitos e vereadores dos mais de 5,5 mil municípios brasileiros. Olhando para o nosso umbigo, quem será eleito o próximo prefeito(a) da segunda maior cidade de Minas?
A resposta só deve aparecer mesmo no início da noite do dia 27 de outubro de 2024, data do provável segundo turno de Uberlândia. Mas já é possível antecipar algumas variáveis que irão determinar o pleito deste ano na Capital do Cerrado. A primeira, claro, é o fator: dinheiro.
O fundo eleitoral mais que dobrou para as eleições deste ano. Os partidos terão incríveis R$ 4,9 bilhões de verba pública para gastar. A maioria dos municípios, especialmente os menores, não verá a cor desse dinheiro, que deve ser prioritariamente distribuído para as maiores cidades. Uberlândia com seus mais de 520 mil eleitores estará entre as prioridades dos principais partidos.
O segundo fator é a inevitável polarização entre esquerda e direita (Lula X Bolsonaro) que irá continuar influenciando parte do eleitorado, principalmente das capitais e grandes cidades. Nos pequenos municípios o eleitor quer saber mesmo é quem será capaz de aumentar o número de médicos no posto de saúde ou finalmente mandar asfaltar as ruas do bairro.
No caso de Uberlândia, no entanto, o terceiro e principal fator será a renovação.
Entre as maiores cidades do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, Uberlândia é a única em que o prefeito não irá concorrer à reeleição. Cidades como Uberaba, Araxá, Ituiutaba, Patos de Minas e Araguari contam com prefeitos no exercício do primeiro mandato com possibilidade de conquistar mais quatro anos em outubro.
Neste cenário, ao menos por enquanto, o que se avizinha é uma candidatura mais consolidada no campo da esquerda com a deputada federal Dandara (PT). Por ser a esquerdista mais graduada com mandato e, convenhamos, por não haver muitas opções viáveis do ponto de vista eleitoral entre os partidos alinhados ao atual Governo Federal.
O cenário é diferente quando olhamos para a direita e centro-direita uberlandense cuja principal liderança é o prefeito Odelmo Leão que, como já dito, terá que passar o bastão depois de concluir o quarto mandato à frente do Executivo. Aqui, sobram pretendentes. O que não é bom, necessariamente. O risco de ocorrer uma pulverização dos votos conservadores em três, quatro ou até cinco candidaturas é considerável. Afinal, todos veem como oportunidade única o fato de que nem Odelmo e nem a esposa - a deputada federal Ana Paula Leão - estarão no páreo.
O atual vice-prefeito Paulo Sérgio Ferreira (PSD) e o deputado estadual Leonídio Bouças (PSDB) disputam o apoio formal do prefeito. Mas o deputado estadual Cristiano Caporezzo (PL), cujo partido terá mais de R$ 800 milhões do fundo eleitoral, já sinalizou que não abrirá mão de sair à prefeito sob a unção do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Enfim, são muitos interesses e possibilidades no caminho até a eleição do próximo prefeito de Uberlândia.
Permanece a pergunta: qual das alternativas acima será realmente capaz de, ao mesmo tempo, defender o legado administrativo de Odelmo Leão e se apresentar como uma renovação na política local dentro do dito campo conservador?
À esquerda, a deputada Dandara, apoiada pelo segundo maior caixa do fundão eleitoral com mais de R$ 600 milhões, já deve estar montando a estratégia de olho em um provável segundo turno. Mas antes terá que convencer o eleitor de que uma eventual nova gestão do PT em Uberlândia apresentará resultados melhores do que a primeira (Gilmar Machado - 2013 à 2016). Aguardemos os próximos capítulos.
Cezar Honório Teixeira Sócio-fundador da Legatu, História de Marca.
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